sábado, 26 de julho de 2008

Leitura Poética

Bailarina

O fio da lâmina da guilhotina é o meu palco,
E danço... danço...
Vibro, me retorço, me entranço...
E danço, danço torpe, danço muito...

Uma platéia de aplausos, um sem número de nada
São uma irmandade que me vêem, quebro-me
E desço ao chão... eu mergulho na surdez...
Nada de olhares, misturas grotescas de mim...

Eu sou meu pior espectador, eu danço para mim
Que não quero ver, não quero ouvir, sentir...
Não importa, neste fio anavalhado, cortante
Me derramo em sangue pardo,

Depois, verto água, num frenesi de marasmos
E momentos... jogo-me, emboco-me,
Não vidro atenção, grito, sussurro, espio, insinuo
Tentando me agradar, neste bailar borboleteado
Sem sucesso... eu não quero me olhar...

Não me atraio, não excito ao eu próprio, não brilho
Não sou cintilante aos meus olhos,
Percebo-me, jogo-me uma moeda, retiro-me
Não consigo me encantar, mesma assim eu danço...
Eu desço, levanto, me exibo, mas não me gosto...
O fio da lâmina da guilhotina é o meu palco...
E danço... eu danço...

Eva Normanda
24/07/08

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