quinta-feira, 12 de junho de 2008

Leitura Textual

O AMOR SOB A ÓTICA CIENTÍFICA

O amor, cientificamente analisado, encontra-se na razão direta do condicionamento recebido, quimicamente catexizado e desdobrado em atitudes compensatórias e mesmo sublimativas.

Não é difícil entender o amor químio-reativo. Quem já teve um bichinho de estimação, entende com maior facilidade. Seus cuidados e alimentação, retornam em afeto pelo animal. Em sua falta, canalizando estes elementos para outro animalzinho, o processo afetivo de retorno volta a se repetir. Com os seres não é diferente. Seus cuidados com seu semelhante, desperta atitudes quimicamente condicionadas.

Os códigos químicos de amor e ódio, têm origem em sua infância. Àqueles que mais recebem estes elementos, obviamente, maiores reservas acumulam. Os filhos mais amados, terão maior suporte a oferecer também o amor. Contudo, o amor ilimitado pelos pais, promove uma maior performance dos quimioreceptores que conduzam à área de leitura do prazer, tornando-os menos resistentes às emoções desfavoráveis. Todavia, maiores serão à assimilação desse conjunto. O egocentrismo gerado, poderá dificultar a este ser, dividir o amor recebido. O amor condicionado, assume desdobramentos transferenciais. Desloca-se de uma pessoa para outra.

O amor compensatório, pode, facilmente, ser identificado pelo dito popular "dou-lhe o pão em troca de um beijo". Tantos pães serão ofertados, que em algum momento, sem antes que se lhe ofertemos, o beijo será antecipado, pela simples lembrança do pão. E com o decorrer do tempo, pão e beijo deixarão de ser associados. Permanecendo, tão somente, os hábitos criados. Tanto a oferta do pão quanto o beijo, ocorrerão natural e espontaneamente. Dificultando, ao observador mais atento, a identificação da origem condicionada. O desdobramento do amor condicionado pela transferência, assume o caráter de um amor compensatório. Este, pode ganhar expansão em objetos e animais, como extensão da origem direta. (Papai ou mamãe identificavam-se com algo e eu passo também a gostar).

Quando o amor condicionado passa a gerar mitos e artes, perde o status transferencial direto, reservando-se a um plano resgatável, não dispersivo. Mas, isto sim, canalizador, ao qual atribuímos um caráter de sublimativo. A sublimação não deixa de ser compensatória, como esta, também não deixa de ter uma origem condicionada.

Para aprofundarmo-nos em uma perspectiva química do amor, necessitamos primeiramente entender alguns aspectos da eletroquímica humana. Como por exemplo, que um mesmo potencial energético, em nossa neurofisiologia, pode, ora contar com um aspecto elétrico e em momento seguinte, químico. Mister é o esclarecimento do som como resultante da leitura fisiológica humana de ondas. Não existindo o som propriamente dito. O que percebemos, são ondas, que, em nossa neurofisiologia, é traduzido como o som que conhecemos. Não menos necessário, é sabermos serem os seres e objetos dotados de energia.

Resta-nos ainda saber que os seres, através da leitura ótica, auditiva, olfativa e gustativa, sintetizam, quimicamente, códigos em seu interior, com valor potencial de equivalência reativa-experiencial, correspondente ao primeiro contato com cada elemento constitutivo dos meios de sua criação.

O cheiro de alguém por exemplo, quando o sentimos, são em realidade, partículas volatizadas, suspensas no ar e por nós, através de quimiorreceptores, interiorizadas e decodificadas, passando-se a identificar, por equivalência química, o elemento de origem.

Tudo quanto vemos, cheiramos, ouvimos e provamos, fazem com que se gere em nossa estrutura cerebral, códigos químicos, com valores potenciais determinados e relativa inferência intrapsíquica. Dessa forma, mantemos codificadamente em nosso interior, sons, imagens e gostos de tudo quanto exista externamente. Frente a valores equivalentes, os e identificamos e aos correspondentes, reagimos.

O amor, pode ser entendido cientificamente, como o resultado de perspectivas geradas e com o tempo correspondidas, em equivalência química, a partir de códigos também químicos resultantes de agradáveis experiências pessoais vividas na infância. Sob tais bases e banco de códigos de retenção das informações e estímulos acumulados ao longo de toda uma vida, apóia-se a busca do elemento decodificador correspondente ou, do amor.

No cérebro humano, armazenam-se códigos químicos capazes de determinar uniões ideais. Trata-se de valores interiorizados que reagem positivamente a determinados estímulos de equivalência. E contrariamente, na carência ou excesso, dos potenciais que formam o lastro químico de suas experiências.

No cérebro humano atuam 100 bilhões de células nervosas. Suas interconexões chegam a marca de cem trilhões de circuitos. Atualmente, identificamos 11 grandes redes sinápticas que compreendem 46 estágios psicomaturacionais evolutivos. Ainda que tenhamos centros nervosos para cada tipo de atividade, e receptores não menos específicos. Todos, entre si, atuam reciprocamente, na menor exigência que envolva o nosso ser. Mesmo que ao sistema límbico concentrem os estímulos concernentes ao humor e as emoções, há uma comunicação deste, por exemplo, com o hipotálamo, responsável pelo controle da temperatura. Uma emoção muito forte, via nervo simpático, pode atingir o Sistema Nervoso Autônomo, atuando por desdobramentos em outras áreas e regiões do organismo.

Ao desdobramento da neuro-química emocional, ao refratar-se a outros setores da estrutura animal, denominamos psicossomatologia. Existindo de fato. Pois envolvem processos químicos dispersivos. Um quantum de energia químio-emocional, fragmentado neurofisiologicamente a outros órgãos, é melhor assimilado do que sem essa válvula somática de dispersão do foco.

Ao amor, enquanto reação química em cadeia social-individual, pode conduzir os destinos da Humanidade.

Mário Carabajal

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